Menagerie
Sendo o tipo de media mais imersivo, os jogos têm a capacidade de contar histórias de forma a tornar o público parte desta. Normalmente, isto é feito dando ao jogador a capacidade de escolha, nem que sejam escolhas puramente mecânicas sem qualquer impacto na história (por exemplo, no Mario, podemos andar para a esquerda ou para direita). Apresento-vos agora três jogos que, ao tirar essa liberdade, criam uma forte narrativa com significado.
Todos estes jogos fazem parte de uma série, embora Menagerie Archive seja mais um spin off. Nesta série, a história é contada através de cartas que o jogador recebe, sentado na sua salinha. Todos eles têm uma ou duas mecânicas para manter o jogador entretido entre cada carta, mas estas não têm literalmente impacto nenhum no mundo fora da sala, fora três excepções, que funcionam mais como um "só recebes cartas depois de fazeres isto" no primeiro jogo, e duas no terceiro, que falarei mais tarde. Aviso já que os jogos são ligeiramente grotescos, e possuem algum gore de baixa resolução, mas nada muito chocante.
O primeiro que quero falar é o primeiro jogo a ter sido publicado, Exoptable Money. Este jogo é um mecanicamente, um jogo idle muito básico, daqueles onde se gasta o dinheiro em formas de fazer mas dinheiro mais depressa. Para isso dispomos de uma caixa que produz dinheiro, que pode ser melhorada através de uma conveniente loja. Incluí também um gatinho fofinho que nos dá dinheiro.
O jogo começa bastante decentemente, connosco a fazer dinheiro, com uma simpática Madame Sinclair a contar-nos como costumava também fazer dinheiro, e a dar-nos dicas sobre como fazer dinheiro. O jogo dá depois uma reviravolta, e mostra a sua verdadeira face. Uma história sobre o quão longe as pessoas vão para obter dinheiro. Dito assim não parece nada de mais, mas não quero estragar por dizer demais.
Segundo jogo: Presentable Liberty. Neste, o jogador encontra-se preso numa cela, sem acesso ao mundo exterior. Recebe, no entanto, cartas de várias pessoas. Do seu amigo Salvadore, que se encontra em viagem e envia presentes, da simpática Charlotte, dona de uma pastelaria, do doutor Dinheiro, e do nosso Happy Buddy, que nos dá um pseudo-Game Boy, para matarmos tempo entre cartas. Todos os jogos têm música e efeitos sonoros ligeiramente bizarros, que ajudam a criar uma boa atmosfera para o jogo. Como de costume, não vou falar de mais da música, porque eu não sei falar de música.
A partir das cartas descobrimos que existe uma doença à solta no mundo lá fora, e que a situação está muito má. Nós estamos seguros na nossa cela, e os nossos amigos também, embora não em celas. Este jogo não é tanto sobre a corrupção do dinheiro (não se preocupem, ainda existe, só em segundo plano), sendo o foco a solidão, a frustração, e muito sinceramente, o enlouquecimento de não se conseguir responder ás cartas.
Ultimo jogo: Menagerie Archive. Neste, somos um empregado de arquivo num mundo distópico, muito semelhante ao de 1984, de Orwell, com a diferença de que este é focado no capitalismo, e não no fascismo. Assim que tudo é controlado pelo dinheiro, e nós estamos encarregados, para além de arquivar, de distribuir o pouco que recebemos por quatro pessoas, nós próprios incluídos. Dependendo das nossas escolhas, temos sete finais diferentes. A grande diferença deste para os outros, para além do maior poder de influenciar o mundo, é o facto de que um dos finais mostra realmente esperança para um futuro melhor.
Foi feita recentemente uma campanha no KickStarter para um remaster de Exoptable Money e Presentable Liberty, que infelizmente falhou. Os três jogos estão disponíveis
na Game Jolt(aqui, aqui e aqui), o formato "paga o que quiseres", ou seja, pagam 2€ se quiserem, 99990€ se assim decidirem, ou podem levá-los de graça, se tiverem a carteira magra. Portanto, recomendo que experimentem.
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